sábado, 16 de abril de 2011

Sonhos interrompidos, professores versus educadores e Bullying, tudo junto e misturado.

Sonhos interrompidos, onde eles deveriam ser cultivados: a ESCOLA.
Impossível não se comover com a história de Realengo – RJ, impossível não estremecer de emoção ao pensar que vários sonhos foram sepultados, vários anseios se esvaindo. De forma cruel, vidas foram interrompidas, dentro do espaço que deveria ser celeiro dos sonhos, dentro do espaço onde nossas primeiras letras aparecem nos cadernos, onde surgem os primeiros amores, os amigos que levaremos para vida toda...
Entretanto, a realidade é mais cruel, essa semana eu soube que um ex-aluno, para quem lecionei, foi assassinado,aos 15 anos, bem aqui, perto, dentro da mesma cidade onde estou. A violência mora ao lado, sonhos são interrompidos constantemente, ao nosso redor, mas infelizmente é necessária tamanha barbárie para que tenhamos a percepção necessária de que como educadores temos que nos empenhar mais. Precisamos viver o que lemos e aprendemos nas aulas de Fundamentos Filosóficos ou Socioantropológicos da Educação. Rubens Alves tem um livro, no qual ele discorre sobre a diferenciação de Educador e Professor.
A quantidade de amor depositada, quando desenvolvemos a função de ensinar, conta muito para salvar uma vida. Quantos professores podem evitar o bullying, repreendendo os alunos q praticam esse ato e em contra-ponto evita que a raiva vire ódio por parte do agredido, evitando uma problema futuro maior.
Nós educadores, somos peças fundamentais para regar a planta desses sonhos que nossas crianças e adolescentes, trazem a escola.  Cabe a nós fazer a escola ser um lugar mágico, aonde se vá não por obrigação, mas porque gostam. O que nós enquanto educadoras podemos fazer para manter a chama da vontade de estudar, estar sempre acesa?
Primeiramente vamos diferenciar educador de professor: O educador constrói, habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos. O professor ao contrário, é funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas. É uma entidade gerenciada, administrada segundo a sua excelência funcional.” (segundo Rubens Alves)
Entendeu? Conseguiu se visualizar? Deu para perceber de que lado você está? Eu tenho convicção de que se algum professor ou professora tivesse tido o mínimo de sensibilidade com o assassino de Realengo, enquanto esse ainda era um menino, quieto, que não dava problemas, aliás, porque se preocupar com o aluno quietinho? Professores adoram alunos quietos, calados, sem senso crítico.Esse é o bom aluno....Cadê a sensibilidade para  perceber que alunos quietos demais estão com problemas? Por isso inclui bullying no contexto. Quantas vítimas de bullying, andam por ai? Sedentos por uma revanche? Ceifando sonhos?
Educador, nossa segunda casa é a escola. Como estamos mantendo a organização dessa “ casa”? O que estamos fazendo com os sonhos que vem até nós em forma de alunos? Como estamos educando e orientando? Educador, está em nossa mãos o futuro do Brasil, a geração que vai um dia cuidar de nós. 
Concluo, pedindo para que nos juntemos em oração pelos familiares dos adolescentes de Realengo. 

6 comentários:

Elizangela disse...

Parabéns Gi...lindo texto, é muito triste oq aconteceu com esses adolescentes de Realengo. nos faz refletir sobre a educação no Brasil e o futuro de nossas crianças, Beijos.

Aléxia disse...

Verdades!
Pensei justamente nisso essa semana.
Estou convivendo com muitas pessoas que estão passando por dificuldades, entrando na adolescencia, problemas na família, etc. Há um garoto de 15 anos lá no grupo de Jovens em que aprticipo. É perceptível a tristeza que ele tem dentro de si. O fato é que a maioria das pessoas se admira ou julga como estupidez o que ele tem "coisa de EMO"... Coloquei-me a pensar, e recordei de mim mesma que passei por tantas dificuldades, e de fato não tive um olhar humano preocupado em ajudar tantas vezes, mas pude dar a volta por cima, e hoje tenho essa visão de como lidar com as peesoas, e as situações. É extremamente importante, que nós como educadoras tenhamos esse olhar mais atento, e não pensarmos que isso é distante das turmas onde lecionamos, ou dos lugares onde frenquentamos, e que isso é problema particular ou pra se resolver pelos outros. Se alguém que tem a experiencia em curso de primeiros socorros, torna-se obrigado, em lei, a socorrer qualquer que seja a pessoa, em qualquer lugar, é nosso papel, e obrigação como educacadoras, não deixar que um tal "outro" responda por quem precisa.. Afinal, qual será a resposta que os outros lhe darão?!?

Parabéns Gi, e meninas vamos sempre darum pulinho aqui no blog da Gi, pra lermos os posts dela, são riquissimos. ;) Aqueeele abraço!<3

Alexia disse...

FALOU TUDO. Não preciso acrescentar mais nada em um simples comentário.
Você tem uma visão linda Gi, que Deus continue te abençoando como educadora. Precisamos de mais profissionais como você.

Parabéns!

Cami disse...

Sem comentarios....:(

Práticas Pedagógicas disse...

Estou tocada com a situação que relatou. Essas coisas não deviam acontecer. Simplesmente não deviam.

Acho que todos os educadores/ professores podem dar um forte contributo na prevenção de situações como essa. Com sensibilidade, generosidade e carinho conseguem-se coisas muito boas. O contributo dos educadores/ professores é fundamental, pois as crianças, adolescentes e jovens passam a maior parte do tempo em que estão acordados na escola.

Em relação à distinção que citou entre professor e educador, compreendo a que contexto se refere. Mas na minha opinião, todos os educadores são professores e todos os professores deviam ser educadores.

Reconhecendo todo o valor que o empenho dos professores tem e que pode ajudar a fazer a diferença, gostaria de acrescentar que os professores não deviam travar esta luta sozinhos nem serem os únicos responsáveis por uma série de acontecimentos.

A educação começa em casa, sendo depois complementada na escola. Os pais também têm de dar o seu contributo, não se podendo demitir da sua função.

Também deveria haver uma reestruturação no ensino, de modo a promover e a criar um espaço em que os professores pudessem FORMAR os seus alunos, em vez de apenas INFORMAR.

Acho ainda muito importante que pais, educadores, professores e toda a comunidade educativa tenha muita formação em psicologia e sociologia.

Acredite sempre que é possível melhorar as coisas. Este mundo precisa de professores como você. :)

Um abraço

Anônimo disse...

Olá, Gisele. Realmente você demarcou muito bem o limiar que divide duas opções de vida profissional: educador e professor, o que nos remete ao limiar que divide as funções de pais e educadores. Será que, em casa, os pais estão entendendo bem o que significa educar filhos, pessoas, seres humanos? Nesse conflito sócio-educacional típico da modernidade estão as origens de desvios que tanto mal fazem a todos nós, ceifando vidas, esperanças e "sonhos" .
Já li seu último post sobre a profissão do "pedagogo" - ótima, também.
Abraço!
http://robertocarloscosta.wordpress.com